『 the abyss echo 』
🕯️ muito prazer, caro visitante! eu sou a panshee, uma sombra!
durante a noite eu passo um tempinho com os filhos da noite! espero que possamos passar bons momentos juntos :) 🕯️
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Aqueles que não enxergamos mais
Era mais um dia quente na cidade da protetora do Mundo dos Mortos. Enquanto os moradores enchiam as ruas do centro com a pressa de quem está atrasado para algo urgente e o som constante dos ambulantes e das conversas de conhecidos que se esbarravam, Panshee tinha seus olhos e atenção voltados para um prédio antigo, cuja fachada há anos não via um bom trabalho de pintura ou revitalização - sobrevivendo agora apenas em um tom desbotado de verde diante da forte luz do sol. Ela não demorou a achar aquele lugar, especialmente com a quantidade de energia anômala que ele cadenciadamente emanava.
É aqui, pensou ela, enquanto suspirava uma única vez antes de entrar no edifício. Era a quinta anomalia que ela combatia no dia e, na sua cabeça, começava a questionar se era aquilo que realmente queria para o seu futuro: estar sempre rodeada de morte, tristeza e abandono.Fazia exatamente um ano e dois meses que a garota tinha sido escolhida pelo bastão, ganhando poderes que nenhuma mortal esperaria ganhar na vida - apesar de depois vir a descobrir que existiam outras como ela espalhadas pelo mundo. Ela podia manipular chamas, ficar invisível e, o mais importante poder para o seu trabalho, ver e falar com os mortos. Isso porque era com eles que Panshee tinha que lidar diariamente para proteger o fio da realidade que separava o mundo deles do dos vivos. Ela estaria sempre caçando anomalias e colocando um fim a qualquer coisa que estivesse prejudicando o fluxo de energia.Foi a responsabilidade como guardiã que a levou ali, levantando poeira no ar com seus primeiros passos dentro do edifício, como se o lugar tivesse sua limpeza há muito tempo escanteada. O elevador parecia não funcionar e, assim, a garota começou a subir as escadas de concreto exposto. A cada andar que alcançava, apesar de saber que não vinha de lá a anomalia do fluxo, Panshee escutava barulhos de vozes exaltadas, móveis sendo arrastados e o que ela achou ser guinchos de ratos.Depois de sua transformação, sua percepção e os sentimentos estavam ainda mais aguçados. No quinto lance de escadas ela sentiu pela primeira vez… O corrimão que se apoiava ficou gelado ao toque, sua respiração se mostrando no vapor visível que só escancarou o frio que a cercava. Ela sabia que ali tinha morrido alguém, e sabia que por algum motivo sua alma ainda perambulava pelos corredores daquele andar. Ao contrário dos outros andares, o lugar era quieto, mórbido, sem barulhos ou nada que chamasse a atenção ao olhar desatento - o que não era o caso da protetora do Mundo dos Mortos. Se encaminhou para o 502B, respirou, fechou os olhos e deu três passos para frente, atravessando a porta que a separava do interior do apartamento.O lugar era pequeno, silencioso e bagunçado. O único movimento que podia ser notado era o balançar melancólico da cortina violeta na varanda. Uma mesa ocupava o centro do cômodo, com a sala de estar logo atrás; entretanto, era claro que ninguém mais fazia suas refeições naquele móvel - a superfície já estava ocupada por bolsas, sacolas de entrega, roupas sujas, um vaso com flores mortas, fios e envelopes.Muitos envelopes.Panshee conseguiu ler algumas cartas, endereçadas sempre a uma mulher chamada Sarah, com exceções das vezes que após seu nome ser mencionado lia-se um “e para a pequena Isabela”. Eram cartas expressando condolências, com a oferta de palavras de conforto, indicando que o filho de Sarah, Alexandre, havia falecido. Os únicos envelopes não abertos tinham escrita em caixa alta uma única palavra:ATRASADO.De repente, o silêncio foi cortado por uma risada no apartamento. A guardiã levantou os olhos para o corredor onde ficavam os quartos, surpresa com o som inesperado. Foi a risada de uma criança, observou.Enquanto ia se aproximando dos quartos, Panshee sabia que ia também se aproximando da anomalia. Conseguia sentir no ar: as vibrações de energia imperceptíveis para humanos, mas que mexiam com a própria realidade e vida daqueles que estavam próximos. Fazia sentido a casa estar naquele estado de abandono, de apatia, se estavam convivendo com uma anomalia por todo esse tempo. Uma das portas tinha a luz acesa e foi naquele quarto que a garota resolveu entrar.Até aquele dia, Panshee tinha lidado com as anomalias com certa facilidade, até porque todas elas tinham seguido o mesmo padrão: ou mortos que voltavam para a Terra na tentativa de acompanhar ou aterrorizar a vida de um conhecido, ou aqueles que não aceitavam estarem mortos em primeiro lugar. Era difícil eventualmente não ser afetada por tudo aquilo. A recusa, a combatividade e a resistência daqueles que deveriam partir a cansavam, ao ponto de ela já não saber mais se ser guardiã seria o melhor caminho a se seguir.
Mas a dúvida existiu só até aquele dia.Ao atravessar a porta do quarto, a garota encontrou o motivo de sua visita - um jovem, provavelmente da mesma idade que ela, flutuava sem vida, emanando uma tímida luz azul. Ele era diferente de todos que Panshee já tinha encontrado, havia serenidade em seu semblante, uma paz que nenhuma anomalia já tinha apresentado. Do seu lado, uma menina brincava com um tabuleiro de jogo de memória. Foi dela a risada que a protetora tinha escutado antes. No jogo, ela estava ganhando.“Vai, Xande, agora é tua vez de tentar!” falou ela, puxando a calça do fantasma, que ainda flutuava no ar.“Só um segundo, Bela… a gente tem visita.” a voz espectral preencheu o quarto. A menina deu um pequeno grunhido e pegou uma boneca, agora se distraindo enquanto penteava seu cabelo. “Eu conheço você… Era Shion, não era?”Panshee ainda estava perplexa pelo fato de que aquela menininha conseguir ver, tocar e falar com um fantasma - nunca tinha presenciado algo parecido. Nem mesmo ela conseguia fazer o mesmo quando estava em forma humana. E então ela percebeu que o fantasma a tinha chamado por seu apelido de infância.“Espera, como você sabe meu nome?” perguntou ela, ainda espantada.Um sorriso se abriu no rosto pálido do jovem, “Você não lembra de mim? Nem de quando a gente teve que montar sozinhos a apresentação do nosso grupo na feira de ciências da escola?”
Xande… É claro, agora eu lembro!, pensou, recuperando as memórias de um garoto franzino com quem ela não recordava ter trocado mais do que dez palavras, anos atrás. Fizeram juntos uma apresentação sobre criaturas marinhas — conseguia, agora, relembrar claramente a fala do menino sobre tubarões e sobre como eles “nunca nadam para trás! Não têm tempo para o passado”. Era uma piada, na época.“Mas não foi sobre a escola que você veio falar, né?” continuou ele, ainda com o sorriso estampado, como quem encontra um velho amigo. “Sei por que você veio… E, para ser sincero, tenho te esperado”“Eu consigo sentir… Você quer ir embora daqui, seguir a corrente para o Mundo dos Mortos” respondeu ela, ainda se recuperando da surpresa. “Por que você já não foi embora? Se já aceitou seu destino, por que ainda está aqui?”Ele não precisou responder para que a guardiã pudesse entender. Os dois viraram os olhares para a pequena Isabela, que continuava brincando com sua boneca indiferente à conversa que acontecia ao seu lado.Alexandre não é a anomalia, ela é!Sabendo que ela não a enxergava enquanto estava transformada, Panshee voltou para sua forma comum, as roupas voltando a ser aquelas que usava enquanto ainda assistia aula, horas atrás. A garota não mostrou espanto algum com o surgimento da protetora, alternando sua atenção entre a boneca, Alexandre e a própria Panshee.“Oi, Isabela, me chamo Shion” a guardiã começou “conheci Xande quando a gente ainda era da sua idade. Sabe dizer o que aconteceu com ele?”A garota deu um risinho, apontando para onde o fantasma de Alexandre estava antes.“Nada! Ele tá bem aqui!” respondeu.“Mas ele não está aqui de verdade, né? Você sabe que ele já não consegue mais estar com a gente, não sabe?”Isabela estava penteando o cabelo da boneca quando parou, de repente, com os olhos molhados. De alguma forma, as palavras da guardiã a atingiram de um jeito que mais ninguém tinha conseguido até então.“M-mas ele tinha me dito que eu ia na formatura dele!” esganiçou a menina, com a voz trêmula, “O meu vestido é lindo! E ele disse que ia ser o melhor professor que eu conheço”Panshee se aproximou da garota, ajoelhando-se em sua frente e lentamente segurando as mãos das meninas de forma carinhosa. Conseguia escutar a respiração da menina pesando.“Ele morreu, Bela… Xande não vai conseguir mais ser professor, ou te levar na formatura.”As duas ficaram em silêncio por alguns segundos. Enquanto Panshee observava a menina chorar discretamente, sentiu o calor das próprias lágrimas em sua bochecha.“Mas isso não significa que os sonhos dele deixaram de existir. Eles vivem com você, Bela” continuou a guardiã. “Tudo o que ele um dia quis, e tudo o que ele amou… Você carrega ele, agora.”
O distante barulho das ruas do centro da cidade era o único som que as duas conseguiam escutar. Delicadamente, Panshee enxugou as lágrimas da menina. Isabela fechou seus olhos, ainda de mãos dadas à guardiã. As duas sabiam que quando a garota abrisse os olhos, ela nunca mais veria Alexandre.“O seu amor por ele vai ser tua força, Bela.” disse Shion enquanto se levantava. “E o amor que ele sentia por você vai ser um abraço. Obrigada por me mostrar isso.”A guardiã, se transformando novamente, sentiu as luvas cobrirem seus braços, o vestido de protetora agora a protegendo, o bastão surgindo em suas mãos e seus poderes retornando. Ela ficou invisível para Isabela e para os outros mortais, mas agora conseguia enxergar Alexandre novamente. O menino ainda sorria, em paz. Ele descansava a mão no ombro da irmã.“Obrigado, Shion.” falou, e Panshee jurou escutar o tremor em sua voz, como se estivesse prestes a chorar. “Posso ir agora”Flutuando novamente, ele estendeu as mãos para a guardiã. Ela o acompanhou enquanto fazia a passagem, na medida em que ele ia perdendo seu corpo na transição até sobrar apenas a chama de sua alma nas mãos da guardiã. Shion se despediu do colega com pesar, observando enquanto ele seguia a corrente do Mundo dos Mortos.
Mesmo em dor da separação, Panshee também saiu dali realizada. Pela primeira vez ela percebeu que seu papel como guardiã não era estar rodeada de morte, tristeza e abandono. Era também estar rodeada de vida e de propósito. Suas palavras para Isabela ensinaram a ela mesma que seu trabalho se completava apenas quando aqueles que morriam continuavam vivos naqueles que amavam.E ela ia continuar protegendo esse sentimento. E a vida.Por Matheus Rocha (@knock.arte)
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